Wednesday, September 28, 2011

Podium

O ar entra nos pulmões e soltamos um grito. É nesse instante que somos revestidos de uma bolha invisível que apenas nos liberta a alma no momento em que alcançamos o topo.
Espera-se que sejamos o primeiro bébé a nascer quando o relógio marcar as 00.00 horas.
Ao chegar a casa, só podemos ser o irmão mais caladinho, mais sorridente, apreciação permitida a qualquer membro da família.
Chegamos ao pré-escolar e as educadoras apostam que seremos o primeiro a conseguir fazer uma torre de quatro cubos. 
Na primeiro ciclo, ansiamos ser o primeiro a ler uma frase sem hesitar e ganhar a parcialidade da professora. 
Poderia arranjar um exemplo para cada etapa que lembro ser uma etapa da minha vida. 
Um degrau. E outro. E mais um. 

A competição no seu estado latente cola-se a nós, como uma segunda pele. 
Gera, motiva, alimenta o status quo. É transversal. 

Atiram-nos uma moeda, o sucesso. 
Duas faces: cara para o desafio, coroa para a recompensa. 

Sentimo-nos obrigados a fazer mais e melhor. Óptimo é o ponto de partida.

E um dia somos confrontados com o poder de escolha. De outrém. E tudo parece em vão.

Dizem-nos: "Há dias em que estamos no sítio certo, à hora certa, apenas."
E o impensável acontece.
Uma hipótese num milhão. 

Nem mais nem melhor. 





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