Espera-se que sejamos o primeiro bébé a nascer quando o relógio marcar as 00.00 horas.
Ao chegar a casa, só podemos ser o irmão mais caladinho, mais sorridente, apreciação permitida a qualquer membro da família.
Chegamos ao pré-escolar e as educadoras apostam que seremos o primeiro a conseguir fazer uma torre de quatro cubos.
Na primeiro ciclo, ansiamos ser o primeiro a ler uma frase sem hesitar e ganhar a parcialidade da professora.
Poderia arranjar um exemplo para cada etapa que lembro ser uma etapa da minha vida.
Um degrau. E outro. E mais um.
A competição no seu estado latente cola-se a nós, como uma segunda pele.
Gera, motiva, alimenta o status quo. É transversal.
Atiram-nos uma moeda, o sucesso.
Duas faces: cara para o desafio, coroa para a recompensa.
Sentimo-nos obrigados a fazer mais e melhor. Óptimo é o ponto de partida.
E um dia somos confrontados com o poder de escolha. De outrém. E tudo parece em vão.
Dizem-nos: "Há dias em que estamos no sítio certo, à hora certa, apenas."
E o impensável acontece.
Uma hipótese num milhão.
Nem mais nem melhor.