Monday, July 8, 2013

Em cheio, outra vez.

"É insuportável querer-te assim mas é impossível não te querer assim.
E tudo consome quando se precisa tão apertado, quando se percebe que todas as lutas são possíveis menos a que me opõe ao que te gosto. Todos os sonhos sabem a pouco quando não te sonho dentro deles.
O que é a felicidade senão aquilo que nos acontece quando estamos juntos?
Quero tanto um abraço como quero não querer um abraço.
E abraço-te. Com todo o desespero de uma precisada, uma mera dependente de continuar contigo, e é tão triste ter de ser tão tua como é arrebatador estar no miolo dos teus braços.
Falta-nos tanto e basta um abraço para termos tudo.
Todo o poder se desfaz em beijos.
"Quero adormecer na imortalidade dos teus lábios", digo-te, e o teu sorriso diz-me que te estás nas tintas para as palavras, e a tua boca aberta à procura de me arruinar diz-me que só me queres pelo que te dou.
Mas o que é amar senão ser viciado no que quem amamos nos dá?
Só quem precisa do irrecomendável merece existir.
O que ninguém acredita que exista é o que vale pelo que existimos, e a realidade é uma sucessão de enfados até encontrares o que te descalça e te deixa confortável. Quando me pedirem para definir vida vou dizer "tolos", e eu e tu sabemos que apenas a tolice prova que a felicidade existe.
Antes dois tolos a voar que um certinho no chão.
À volta há amores regulares, amores que se estabilizam, amores que se tornam sólidos a cada dia de concessão. Mas entre nós não há concessões. Entre nós há uma batalha sem restrições que envolve, muitas vezes, choques frontais. E tantas vezes sem qualquer roupa a cobrir-nos o corpo."

(Pedro Chagas Freitas)

Este rapaz continua a escrever tão sabiamente...

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